Postado em 13/09/2023 | por Maíra Passos
Sergio Gaia lança Coisa, música inspirada em Gal Costa
O single, que conta com a participação da cantora Mayra Clara, estará disponível em todas as plataformas digitais, no dia 29/09. Haverá também show de lançamento, em Olinda
O músico pernambucano Sergio Gaia lança Coisa, música inspirada em Gal Costa, no próximo dia 29, em todas as plataformas digitais. No mesmo dia, às 20h, haverá show de lançamento, no Fogo de Occa, em Olinda, com a participação de músicos da cena recifense-olindense. Contando também com a cantora acre-pernambucana Mayra Clara nos vocais, o percussionista Tomás Melo, o baixista Arnoldo Guimarães e o guitarrista Marco Melo, a canção é o primeiro single do álbum Ultraleve, terceiro projeto da carreira solo do artista.
Sobre a inspiração para compor Coisa, Sergio conta que Gal, além de toda a geração do Tropicalismo e dos anos 1960/70, tem forte influência na sua carreira, por conta do seu amor pelo rock. “As várias formas como uniram rock e canção brasileira geraram um sem número de propostas estéticas, de enorme criatividade. Caetano, Gil e Gal começaram a fazer isso. Na sequência, já nos anos 1970, o flerte com os Beatles e com o rock progressivo gerou a maravilha que foi o Clube da Esquina, uma de minhas maiores influências. Ney e os Secos & Molhados também são uma escola pra mim”, revela o músico.
Em 09 de novembro de 2022, a cantora Gal Costa se despediu dos palcos da vida, aos 77 anos, deixando a música brasileira em luto. Para Sergio, sua partida foi um choque, no sentido de perceber que esta geração brilhante e, pra ele, até o momento sem substituta à altura, está indo embora. “Pra ser sincero, fazia certo tempo que não ouvia tanto Gal, apesar de amá-la. A partida dela me lembrou o quanto sua música me era cara e a comoção com tudo aquilo acabou por gerar Coisa”, lembra Sergio.
A canção é uma balada bluesy com um clima bem próximo do flerte da própria Gal com o rock, uma sonoridade que marcou, sobretudo, a época Gal-Fatal. Sergio diz que que a inspiração surgiu de um sonho, algo raro de acontecer com ele. Dois dias depois de Gal partir, Gaia teve um sonho com os Doces Bárbaros, aquele maravilhoso quarteto dos anos 1970, com Gal, Bethânia, Gil e Caetano, que saiu em turnê, gerando um disco ao vivo e, posteriormente, um documentário.
“Meu sonho era incrível: os quatro, vestidos de branco, exatamente como nos shows, dentro de uma piscina (só num sonho as pessoas estariam vestidas de branco dentro de uma piscina), tomando drinks, rindo e conversando, como se fosse a piscina de um hotel. E eu estava fora da piscina, sentado e olhando embevecido tudo aquilo. Era simples assim: quatro amigos conversando e rindo, jovens, tal como eram na época da turnê. E eu acordei desse sonho com a melodia de Coisa na cabeça. Puxei o celular e gravei a melodia cantarolando. Dois dias depois, fiz a letra com igual rapidez. Foi realmente uma coisa que eclodiu com bastante força”, recorda Sergio.
Parceria com Mayra Clara
“Mayra tem um estilo forte de cantar, afirmativo, que tem a ver com a própria Gal”, diz Sergio Gaia, que já coleciona parcerias com a artista acre-pernambucana. A primeira foi em Recidade, música que seria lançada como clipe de seu segundo EP, intitulado de “#Tbt Alvorada”. Na ocasião, ela participou formando um coro feminino com Surama Ramos e Sue Ramos. Em seguida, gravaram juntos a música e o clipe de Breve Balanço que, contudo, seria lançada antes de Recidade, no seu EP Permanente.
“Agora, gravamos Coisa juntos. Gosto muito do estilo de Mayra. Acho que queria uma voz feminina de toda forma em Coisa, afinal, a canção tem a ver com Gal. Como já fizemos coisas juntos anteriormente, conheço bem o estilo dela e senti de forma instantânea que a melodia combinaria com seu timbre. Gravei um videozinho voz e violão com a música e mandei pra ela. Ela super curtiu a vibe e combinamos de fazer juntos. Adorei o resultado, porque ficou numa região mais grave da voz de Mayra, que tem um timbre com muito calor, muito aveludado”, conta Sergio Gaia.
Participação dos músicos
Além de Mayra Clara, participam de Coisa o percussionista Tomás Melo, o baixista Arnoldo Guimarães e o guitarrista Marco Melo. “Sem os músicos que tocam comigo, essa canção jamais seria a mesma. Basta dizer que ela não era ternária (que é como contamos o ritmo de uma valsa, por exemplo, dividindo em 1,2,3; 1,2,3… e assim por diante). Isso foi ideia de Tomás Melo, percussionista”, recorda Sergio.
“Já o baixo de Arnoldo Guimarães traz um timbre que é uma das coisas mais bonitas da música. Ele também insistiu pra que eu colocasse teclado nela, o que também deu uma vibe massa. Sobre Marco Melo, bem, basta ouvir a faixa e você vai ver que a guitarra domina a música do início ao fim, afinal, ela é uma balada bluesy, onde as intervenções e solos de guitarra têm papel fundamental. A performance dele é espetacular, e ele gravou aquilo tudo de primeira! O estilo de cada um deles tocar é o que faz a música soar como soa; acaba sempre por ser uma criação coletiva”, completa Gaia.
Álbum Ultraleve
Coisa é o primeiro single que dará forma ao álbum Ultraleve, que já tem suas próximas músicas em fase de mixagem e previsão de lançar o projeto completo em 2024. Segundo Sergio, o processo criativo de Ultraleve foi acontecendo de uma forma natural, fluída, trazendo uma proposta mais pra cima e mais vibrante, de leveza. “Os discos passados eram bem mais rebuscados e introspectivos, principalmente o primeiro, Permanente, por razões óbvias – foi composto e lançado durante a pandemia. Dei-me conta, recentemente, que essa busca minha por simplicidade musical se confunde, na verdade, por uma busca de simplicidade na vida, de ser ater às coisas mais fundamentais, e menos a floreios que não acrescentam muito”.
A músicas de Ultraleve também revelam influências que são rebuscadas, como as citadas acima, a exemplo de Clube da Esquina e Tropicália. Porém, dessa vez, com exceção de uma ou outra música, Sergio se expressa de uma forma mais direta, sendo o álbum sobre sua longa busca por simplicidade. “Porém, Ultraleve é certamente meu trabalho mais homogêneo, no qual todas as canções se conversam e formam um todo harmonioso. Mostrei as músicas pra muita gente conhecida antes de escolhê-las e gravá-las, e o contexto coletivo da produção contribuiu muito pra esse resultado coerente”, explica o artista.
Sergio também acrescenta que as músicas do disco trazem variações bem interessantes. Há desde a influência soul na música Ultraleve, passando por levadas mais pops de Flor daqui e Todo lugar, balada bluesy (Coisa), pegada mais roqueira (Terral), canções mais introspectivas sobre relacionamento (Primeira e Contrários), levada meio “breguinha dançante” em Canção de tudo, baião com pitadas de rock (Razão, a música mais pra cima do disco), e outra sobre relacionamento, mas numa vibe mais leve e delicada (Brisa leve).
Produção e participações especiais
Fazem parte de Ultraleve também o fotógrafo Rafael Cacau, antigo parceiro de ensaios fotográficos e clipes; e Jennyfer Caldas, diretora de cena, dançarina contemporânea, cabelereira, maquiadora etc, que idealizou as fotos junto com Cacau, fez parte da direção de cena e, na capa de Coisa, está na foto com Sergio. Participam também Samu Flor e Weluska, casal de designers e animadores, que já trabalharam com Gaia no seu último clipe de animação Estrela, lançado neste ano.
Na mixagem do disco, Matheus Rodrigues, no Oráculo Estúdio, e a masterização está sendo feita no Estúdio Carranca, com Júnior Evangelista. As participações especiais do disco são, além de Mayra Clara em Coisa, as de Vinícius Barros (em Canção de tudo) e PC Silva (em Razão). Por fim, algumas músicas possuem trio de sopros em seus arranjos: isso ocorre em Terral, Canção de tudo e na faixa título Ultraleve. “Nessas músicas, escrevi os arranjos que foram gravados por Fabinho Costa (trompete), Nilsinho Amarante (trombone) e Leo Pelegrim (sax tenor), substituído em Canção de tudo por Henrique Albino no sax barítono”, detalha Sergio Gaia.
Trajetória na música
Artista desde criança, Sergio Gaia se formou em Licenciatura em Música pela UFPE, seguindo carreira academia com Mestrado em Etnomusicologia (UFPB) e Doutorado em Composição (Unicamp), com período de pesquisa na University of Florida-Gainesville (EUA). A partir da sua pesquisa de mestrado, lançou o livro Ney Matogrosso: o ator da canção, um estudo etnomusicológico sob a performance do artista, pela Editora Multifoco do Rio de Janeiro.
A obra teve segunda edição lançada em 2010, na XX Bienal Internacional do Livro de São Paulo, além de shows de lançamento no Conservatório Pernambucano de Música e no SL Music Hall, em São Paulo. Já seu doutorado foi uma pesquisa sobre os processos criativos do maestro e compositor pernambucano Moacir Santos (grande influência para Sergio Gaia), resultando não só na pesquisa escrita, mas também na composição de obra autoral de três movimentos Suíte Ouro Negro – do Sertão à Califórnia.
“Eu a compus para uma orquestra semelhante às formações instrumentais usadas pelo Moacir e a música foi estreada no aniversário do Conservatório Pernambucano de Música pela Banda Sinfônica da Instituição, em 2016, no Teatro de Santa Isabel”, recorda o músico. Sua Tese de Doutorado está em fase de revisão para publicação pela Ed. Dialética-SP.
Sergio Gaia foi Coordenador de Música do Paço do Frevo, entre 2017 e 2020, professor de Harmonia e Composição na UFPE, entre 2020 e 2022; e, atualmente, leciona no Conservatório Pernambucano de Música várias disciplinas ligadas ao campo da Composição. Durante o período que residiu em São Paulo, lançou a Banda Gaia (2009 – 2013), com uma proposta mais rock “vintage”. De volta ao Recife desde 2017, estreou sua carreira solo, em 2019, com o EP Permanente, seguindo do single Companheira, do segundo EP #Tbt Alvorada e, agora, finalmente do disco Ultraleve, trazendo diversas referências do rock ao universo do cancioneiro pernambucano.
Mais informações sobre o artista no Instagram @sergiogaiaoficial e Youtube. Contato pelo telefone (81) 9.8287.1415 ou e-mail gaiasmusica@gmail.com.
Lançamento de Coisa
Quando: sexta-feira, 29 de setembro de 2023
Onde: em todas as plataformas digitais
Show de lançamento
Quando: sexta-feira, 29 de setembro de 2023
Horário: às 20h
Onde: Fogo de Occa – Rua 13 de Maio, 229, Carmo, Olinda (Sítio Histórico)
Valor: Couvert de R$ 10,00
Informações: Instagram @sergiogaiaoficial