Junho é o Mês da Conscientização da Infertilidade Postado em 06/06/2025 | por Maíra Passos
Mês da Conscientização da Infertilidade: médica especialista em reprodução humana traz orientações sobre a doença
Dra. Natália Fischer explica os fatores masculinos e femininos que podem impactar na dificuldade de engravidar e das possibilidades tratamentos
Você sabia que a infertilidade é considerada uma doença? Sim, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a infertilidade é considerada uma patologia e um a cada seis casais (15%) em idade fértil enfrentam a infertilidade. Trata-se da doença crônica mais prevalente em casais de idade fértil. Somente no Brasil, segundo informações da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), calcula-se que existam cerca de oito milhões de pessoas inférteis – aquelas que abrem mão de métodos contraceptivos, tentam engravidar durante 12 meses, e ainda assim não conseguem iniciar uma gravidez.
Para alertar sobre o tema, junho é o Mês da Conscientização da Infertilidade, campanha criada pela American Infertility Association (Associação Americana de Infertilidade) e compartilhada por entidades de reprodução humana em várias partes do mundo. Há muitos fatores, masculinos e femininos, que podem causar a infertilidade, por isso a importância de discutir o tema e mostrar os caminhos possíveis para quem deseja ter filhos. Assim, como doença, o olhar deve ser de acolhimento, investigação e apontar os tratamentos.
Com os avanços da medicina reprodutiva, há esperanças para reverter a infertilidade, que vão desde simples ajustes hormonais, tratamentos cirúrgicos e até possibilidades de fertilização in vitro. Suas causas podem ser multifatoriais e estão distribuídas igualmente entre homens e mulheres. Para analisar as causas da infertilidade feminina e masculina, é preciso realizar exames e ter acompanhamento médico especializado.
Segundo a médica Natália Fischer, especialista em reprodução humana, entre os fatores masculinos que podem acarretar na infertilidade estão a uma diminuição na concentração de espermatozoide, que pode ser causado por uma varicocele[1], podendo ser resolvido de forma cirúrgica. “Também pode haver alguma obstrução que causa ausência de espermatozoide, também podendo ser resolvida com cirurgia, ou o paciente ter alguma dificuldade na formação do espermatozoide, seja por fatores genéticos ou de atrofia testicular, entre outros. Então, podemos ter alteração na formação do espermatozoide ou no próprio ejaculado”, explica a médica Natália Fischer.
Além disso, pode-se ter diminuição de espermatozoide por outros aspectos, como idade avançada ou hábitos de vida, como fumar, beber, não se alimentar bem, fatores que promovem um aumento na oxidação celular de forma geral e podem impactar na qualidade do sêmen. Já da parte feminina, pode haver causas de infertilidade relacionadas a fatores tubários, ovulatórios e do útero. “Nos fatores pélvicos, a gente pode ter alguma alteração na trompa (conexão entre ovário e útero). Então, ela pode estar obstruída, aderida ou dilatada”, detalha a especialista em reprodução humana, Natália Fischer.
A médica conta ainda que alterações no fator das trompas podem estar relacionado às aderências pélvicas, principalmente causadas por endometriose, mas também podem ser causadas por infecções na pelve, por doenças sexualmente transmissíveis, diversas cirurgias abdominais, apendicite e outras infecções abdominais. A infertilidade feminina pode ser causada também por fatores ovulatórios, seja na dificuldade na ovulação, muito presente no ovário policístico, quando a paciente passa meses sem ovular. Existe também uma diminuição que pode ser na redução da quantidade e qualidade dos óvulos, relacionados ao fator idade.
Quanto mais avançada a idade, maior dificuldade para engravidar, principalmente após os 40 anos. De acordo com a especialista em reprodução humana, isso acontece devido à má qualidade de óvulos, que vão diminuindo com o passar do tempo, assim como a quantidade. Com o avançar da idade, a reserva ovariana (o número de óvulos que a mulher disponibiliza todo mês ao organismo) diminui. Todos os meses essa “reserva” disponibiliza um certo número de óvulos, mas só ovula um óvulo.
E a mulher não produz novos óvulos ao longo da vida. “Então, todos os meses a gente vai perdendo uma certa quantidade e liberando cada vez menos óvulos por mês até o momento que ele vai acabar, que é o momento da menopausa. Assim, com 40 anos a gente tem uma quantidade reduzida de óvulos, assim como cai sua qualidade. Já dos fatores relacionados ao útero que podem causar infertilidade, estão: miomas, pólipos, algum tipo de má formação que dificulte a implantação do embrião, infecção e inflamação (endometrite).
Doenças crônicas e sistêmicas também podem causar dificuldade na gravidez, como diabetes, problemas na tireoide e doenças autoimunes. Vale ressaltar ainda que hábitos de vida podem impactarde forma positiva e negativa na infertilidade, tanto masculino como feminino. Paciente que tem uma alimentação muito desregrada, com consumo alto em alimentos industrializados, com alto teor de açúcares e sódio, por exemplo, isso vai causar uma alteração metabólica, podendo alterar no processo ovulatório e na implantação do embrião. Sedentarismo ou prática excessiva de atividade física (que causa um estresse oxidativo) também podem impactar na fertilidade, segundo explica a médica Natália Fischer.
“A questão dos gametas masculinos e femininos (células sexuais envolvidas na reprodução), quando você tem um alto índice de inflamação e oxidação celular, causado por hábitos de forma geral, como falta de exercício físico, privação do sono, estresse e má alimentação, pode gerar um estresse oxidativo e impactar nos gametas”, detalha a especialista em reprodução humana, lembrando ainda que existe o fator genético, podendo contribuir nas alterações na formação dos gametas e embriões.
Segundo a médica, é possível investigar o cariótipo[2], tanto do pai como da mãe, mas a parte do embrião a investigação acontece só através da fertilização in vitro, quando é possível investigar antes da implantação se o embrião é viável ou não. “Podem existir casos, tanto do pai como o da mãe, que podem ter um cariótipo normal e desenvolver embriões com alteração cromossômica. Isso pode estar envolvido com a faixa etária também materna e paterna.
Quando procurar ajuda para tratar a infertilidade?
Para uma paciente que está desejando engravidar e tem menos de 35 anos, após 1 ano de tentativa de gravidez de forma natural, é recomendado que ela procure um profissional especializado para realizar exames específicos. “Com mais de 35 anos, esse tempo passa para seis meses. Já próximo aos 40 ou 40+, ela precisa buscar de imediato um profissional em reprodução humana para que possa ajudar a engravidá-la o mais rápido possível”, explica a médica Natália Fischer. Isso porque o fator que mais impacta a fertilidade feminina e masculina é o fator idade.
Além da idade, outros fatores que podem dificultar a mulher conseguir uma gravidez são os hábitos de vida ou alguma doença associada, seja uma doença crônica sistêmica, seja uma doença mais específica, como síndrome do ovário policístico e endometriose. Dessa forma, é importante realizar alguns exames iniciais para ajustes, principalmente de vitaminas, e ficar atento aos sintomas possíveis de infertilidade, como muita cólica, menstruação aumentada e ciclos muitos irregulares, que também podem dificultar a gravidez.
E quando procurar um tratamento de fertilização? Segundo a médica Natália Fischer, procurar um especialista em reprodução assistida, não necessariamente, é realizar uma fertilização in vitro (FIV). “No consultório, são analisados todos os exames e o médico conversa com o casal taxas e possibilidades. A depender do que a gente veja nas indicações dos exames, traçamos um planejamento. Às vezes, o casal vai buscando a gravidez há um ano e se descobre um fator masculino, trata-se esse fator masculino e reinicia as tentativas. Se mesmo assim o casal não engravidar, planejamos uma fertilização futura”, conta a especialista em reprodução humana.
Porém, existem algumas indicações absolutas, a exemplo de não haver espermatozoides, trompa obstruída ou idade muita avançada da mulher, com baixa reserva ovariana. “Então, com essa campanha em junho, queremos alertar para a busca de tratamentos da infertilidade, além de acolher quem sofre com a doença”, finaliza a médica Natália Fischer, especialista em reprodução humana.
SOBRE DRA. NATÁLIA FISCHER – Com 16 anos de experiência, Dra. Natália Fischer Pimentel é uma especialista em Ginecologia e Obstetrícia, com foco em Reprodução Humana. Sua trajetória profissional inclui atuações em Recife e João Pessoa, além de ser sócia-fundadora da Clínica Embrius (PE) e médica colaboradora na Geare (PB). Sua expertise abrange desde a fertilidade e reprodução assistida até o congelamento de óvulos, infertilidade feminina e masculina, saúde hormonal e planejamento reprodutivo. Possui formação em Medicina pela UFPE, seguida por Residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo IMIP, no Recife.
Na área de reprodução humana realizou pós-graduações em Reprodução Humana e Cirurgia Videolaparoscópica, além de uma especialização em Fertilidade pelo Hospital de Valência, na Espanha. Sua expertise se concentra em áreas de grande demanda, como fertilidade e reprodução assistida, congelamento de óvulos, infertilidade feminina e masculina, ciclo menstrual e saúde hormonal, endometriose, fertilização in vitro (FIV) e consultoria sobre maternidade tardia e planejamento reprodutivo. Mais informações no Instagram @dranataliapimentelfischer. Para agendamento de consultas no Recife: (81) 98802.0882.
[1] Varicocele é a dilatação das veias que drenam o sangue dos testículos, semelhante a varizes nas pernas. Essa condição pode causar dor, inchaço e, em alguns casos, infertilidade masculina, porque afeta a qualidade do esperma.
[2] O cariótipo é a representação visual dos cromossomos de uma célula, organizado de forma a permitir a identificação de possíveis alterações numéricas ou estruturais. É um exame utilizado para diagnosticar síndromes cromossômicas, como a síndrome de Down, e outras alterações genéticas.
Dra. Natália Fischer conta com assessoria de imprensa da Maíra Passos Comunicação na praça do Recife (PE).
Por Maíra Passos – Jornalista & Assessora de Comunicação
Jornalismo, Unicap (2008)
MBA em Marketing, UPE (2010)
Pós-graduada em Influência Digital, PUC-RS (2021)
Mestra em Comunicação, UFPE (2024).
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