Dra. Natália Fischer | FOTO: Max BritoPostado em 05/05/2025 | por Maíra Passos
Jornada das “tentantes” neste Dia das Mães: médica explica os caminhos para mulheres que tentam engravidar
A especialista em reprodução humana Natália Fischer ressalta a importância da rede de apoio, manter hábitos saudáveis e planejamento da gravidez
Muitas mulheres sonham em ser mães, mas o caminho pode ser bastante desafiador para várias delas. Nesse processo de tentar engravidar, é fundamental que as “tentantes”, como são chamadas as mulheres que tentam ser mães, tenham rede de apoio para que a jornada seja menos solitária e mais leve. Com a chegada do Dia das Mães, então, é normal que essas mulheres, principalmente as que tentam há vários anos, fiquem mais emotivas e fragilizadas. Porém, há vários caminhos possíveis para que o sonho da maternidade seja realizado, segundo explica a médica Natália Fischer, especialista em reprodução humana.
O primeiro passo é traçar um planejamento de gravidez, de acordo com a idade e planos de cada mulher. Para uma paciente que está desejando engravidar e tem menos de 35 anos, após 1 ano de tentativa de gravidez de forma natural, é recomendado que ela procure um profissional especializado para realizar exames específicos. “Com mais de 35 anos, esse tempo passa para seis meses. Já próximo aos 40 ou 40+, ela precisa buscar de imediato um profissional em reprodução humana para que possa ajudar a engravidá-la o mais rápido possível”, explica a médica Natália Fischer.
Isso porque o fator que mais impacta a fertilidade feminina e masculina é o fator idade. Quanto mais avançada a idade, maior dificuldade para engravidar, principalmente após os 40 anos. De acordo com a especialista em reprodução humana, isso acontece devido à má qualidade de óvulos, que vão diminuindo com o passar do tempo, assim como a quantidade. Com o avançar da idade, a reserva ovariana (o número de óvulos que a mulher disponibiliza todo mês ao organismo) diminui. Todos os meses essa “reserva” disponibiliza um certo número de óvulos, mas só ovula um óvulo.
E a mulher não produz novos óvulos ao longo da vida. “Então, todos os meses a gente vai perdendo uma certa quantidade e liberando cada vez menos óvulos por mês até o momento que ele vai acabar, que é o momento da menopausa. Assim, com 40 anos a gente tem uma quantidade reduzida de óvulos, assim como cai sua qualidade. Ou seja, se a gente esperar muito tempo, que essa gravidez aconteça, possa ser que não haja nem mais óvulos ou óvulos com qualidade. Por isso a nossa pressa, principalmente relacionada à idade feminina”, destaca a médica Natália Fischer.
Porém, a paciente que cuida bem da saúde, mesmo com idade mais avançada, tem uma chance de engravidar melhor do que uma paciente que não tenha hábitos de vida saudáveis, segundo explica a especialista em reprodução humana Natália Fischer. Então, quanto ao preparo para uma gravidez, independentemente da idade, é importante que a mulher tenha hábitos saudáveis, como uma alimentação saudável, pratique atividades físicas, não faça o consumo excessivo de álcool e não fume.
Além da idade, outros fatores que podem dificultar a mulher conseguir uma gravidez são os hábitos de vida ou alguma doença associada, seja uma doença crônica sistêmica, seja uma doença mais específica, como síndrome do ovário policístico e endometriose. Dessa forma, é importante realizar alguns exames iniciais para ajustes, principalmente de vitaminas, e ficar atento aos sintomas possíveis de infertilidade, como muita cólica, menstruação aumentada e ciclos muitos irregulares, que também podem dificultar a gravidez.
Para os casais que estão tentando engravidar, quando procurar um tratamento de fertilização? Segundo a médica Natália Fischer, procurar um especialista em reprodução assistida, não necessariamente, é realizar uma fertilização in vitro (FIV). No consultório, analisamos todos os exames, conversamos com o casal, falamos sobre as taxas e possibilidades e, a depender do que a gente veja nas indicações dos exames, traçamos um planejamento.
“Às vezes, o casal vai buscando a gravidez há um ano e se descobre um fator masculino, trata-se esse fator masculino e reinicia as tentativas. Se mesmo assim o casal não engravidar, planejamos uma fertilização futura. Porém, existem algumas indicações absolutas, a exemplo de não haver espermatozoides, trompa obstruída ou idade muita avançada da mulher, com baixa reserva ovariana”, completa.
Já para mulheres que desejam postergar a maternidade, seja por questões financeiras, profissionais, por não terem parceiro ou porque ainda não despertaram o desejo da maternidade, mas que deixar essa decisão pro futuro, uma opção é o congelamento de óvulos. “É uma técnica com bons resultados para preservar a fertilidade feminina. Quanto antes congelar, melhor. O ideal é que seja na faixa dos 30 aos 35 anos, pela melhor qualidade e quantidade dos óvulos, como comentei acima. Mulheres com outras idades podem congelar, mas as taxas de sucesso para uma futura gravidez são melhores com o congelamento dos óvulos o quanto mais cedo”, orienta a médica Natália Fischer.
Porém, o procedimento ainda não é acessível, financeiramente falando. Pelo SUS, só é possível em alguns casos de patologias e tratamentos específicos, como do câncer e endometriose, que pode comprometer a fertilidade. Alguns estados também fazem o congelamento de óvulos além desses casos, mas para mulheres com idade mais avançada e com longas filas de espera.
Exceto para algumas indicações clínicas, planos de saúde também não cobrem o procedimento, como planejamento para uma futura gravidez. “Caso a mulher não queira ou não possa congelar os óvulos, a indicação é realizar exames específicos para avaliar a fertilidade da mulher, como exames hormonais e de imagens, que indicam o estágio da reserva ovariana da mulher”, explica a médica Natália Fischer, especialista em reprodução humana.
A importância da rede de apoio para as tentantes
Das orientações que a médica detalhou acima, há mulheres que seguiram todos os passos, várias vezes… mesmo assim, não conseguiram alcançar a tão desejada gravidez. Isso porque, mesmo até com as opções mais avançadas de fertilização, nenhum tratamento é garantia de engravidar, até porque cada mulher é única e os resultados variam por questões diversas. Para ajudar nesse processo, é muito importante ter uma rede de apoio, pois a infertilidade ainda é uma doença[1] muito solitária.
“Muitas vezes a mulher sofre sozinha e leva um sofrimento emocional muito maior porque ela não consegue falar, se expressar. Começar a se comunicar, falar a respeito desse assunto vai tendo conhecimento, se munindo de informações, que é importante, como pode dividir histórias, experiências e tornar o tratamento mais leve. Recentemente, a atriz Mariana Rios fez um lindo depoimento nas redes sociais sobre o seu tratamento. Um dos momentos muito bonitos que achei foi como ela tá conseguindo voltar agora o que ela era. É sobre a mulher se perdoar, ser gentil consiga mesma, aceitar e conseguir se reconectar durante o tratamento no seu momento mais pra baixo e difícil do tratamento”, opina a médica Natália Fischer.
A tentante é uma pessoa que ainda não é visualizada como mãe, embora o desejo seja inestimável. “A gente dá presente para avós, tias, madrinhas… abre-se tanto o leque para a maternidade, mas a tentante não tem lugar. Então, é um processo solitário, ela não é enxergada. Dessa forma, lembrar no Dia das Mães daquelas que ainda não são mães, mas o desejo mais sincero e profundo delas é um dia conseguir ser, é uma forma de acolhimento e empatia”, reflete a médica.
Quando parar de tentar? A especialista em reprodução humana diz que não existe um número fixo de tentativas, pois é possível continuar o tratamento, desde que haja óvulos. “Claro que há um momento que a gente já ‘fez de tudo’ e é preciso conversar com a paciente para falar sobre outras possíveis formas de maternidade, como por óvulos doados ou adoção. Há exames específicos que a gente já pede depois de algumas tentativas, pois nos ajuda a definir essa escolha”, conta a médica Natália Fischer.
Ela completa que esse número de tentativas não é fixo. “Inclusive, escrevi um tratado recente falando exatamente isso, paciente 43 mais. A gente sabe que uma paciente de 40 anos precisa de uns três ciclos; de 43, de quatro a cinco. Já a partir dos 47, a Sociedade Americana de Reprodução Humana já não indica mais nenhum tratamento para fertilização”.
Para quem segue tentando ser mãe – Quem está na jornada na reprodução, “a gente tem um alto potencial em taxa de gravidez. Para essa paciente que está num processo mais longo, a gente tenta esperançar, não desistir, após um ou dois tratamentos. Se possível e desejável for, é continuar no processo. Claro, a não ser que haja algum fator, como idade da mulher. Uma paciente com 45 anos que a gente já sabe que a taxa é menos de 3% de gravidez, muitas vezes informamos que a chance de gravidez só será possível através de óvulos doados. Paciente jovens com 35, 36, 37 anos, é realizar ciclos subsequentes. O principal é acreditar, manter a fé, conseguir superar as falhas, os processos e continuar com os tratamentos subsequentes”, finaliza a médica Natália Fischer, especialista em reprodução humana.
Sobre a Dra. Natália Fischer
Com 16 anos de experiência, Dra. Natália Fischer Pimentel é uma especialista em Ginecologia e Obstetrícia, com foco em Reprodução Humana. Sua trajetória profissional inclui atuações em Recife e João Pessoa, além de ser sócia-fundadora da Clínica Embrius (PE) e médica colaboradora na Geare (PB). Sua expertise abrange desde a fertilidade e reprodução assistida até o congelamento de óvulos, infertilidade feminina e masculina, saúde hormonal e planejamento reprodutivo. Possui formação em Medicina pela UFPE, seguida por Residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo IMIP, no Recife.
Sua paixão pela Reprodução Humana a levou a realizar pós-graduações em Reprodução Humana e Cirurgia Videolaparoscópica, além de uma especialização em Fertilidade pelo Hospital de Valência, na Espanha. Sua expertise se concentra em áreas de grande demanda, como fertilidade e reprodução assistida, congelamento de óvulos, infertilidade feminina e masculina, ciclo menstrual e saúde hormonal, endometriose, fertilização in vitro (FIV) e consultoria sobre maternidade tardia e planejamento reprodutivo. Mais informações no Instagram @dranataliapimentelfischer. Para agendamento de consultas no Recife: (81) 98802.0882
[1] Atualmente, a infertilidade é considerada uma patologia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras entidades médicas. Segundo a OMS, um a cada seis casais enfrentam a infertilidade. Trata-se da doença crônica mais prevalente em casais de idade fértil.
Dra. Natália Fischer conta com assessoria de imprensa da Maíra Passos Comunicação na praça do Recife (PE).
Por Maíra Passos – Jornalista & Assessora de Comunicação
Jornalismo, Unicap (2008)
MBA em Marketing, UPE (2010)
Pós-graduada em Influência Digital, PUC-RS (2021)
Mestra em Comunicação, UFPE (2024).
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